Georges Aperghis

Georges Aperghis (Atenas, 1945) vive e trabalha em Paris, desde 1963. O seu trabalho caracteriza-se por questionar a linguagem e o seu significado.
A sua música, não se coadunando directamente com qualquer das estéticas musicais dominantes na criação musical contemporânea, procura um diálogo com outras formas de arte, a partir de uma abrangente abertura aos campos intelectuais, científicos e sociais.
Aperghis trabalha de perto com os intérpretes, que são parte substancial do processo criativo – nesse âmbito, destaca-se o trabalho com actores como Edith Scob, Michael Lonsdale, Valérie Dréville, Jos Houben ou instrumentistas como Jean-Pierre Drouet, Richard Dubelski, Geneviève Strosser, Nicolas Hodges, Uli Fussenegger, Martine Viard, Donatienne Michel-Dansac e Lionel Peintre. A partir dos anos noventa, partilhou novas criações artísticas com a área performativa da dança e o campo das artes visuais, de onde salientam os projecto com Johanne Saunier, Anne Teresa De Keersmaeker (dança) e Daniel Lévy, Kurt D’Haeseleer e Hans Op de Beeck (visual). Aperghis já trabalhou com os principais agrupamentos europeus de música contemporânea, nomeadamente através de encomendas várias, de que se destacam Ictus, Klangforum Wien, Remix Ensemble Casa da Música, Musikfabrik, Ensemble Modern, Intercontemporain, Vocalsolisten e coro SWR.
Recentemente foi agraciado com os prémios Mauricio Kagel (2011), o Leão de Ouro pelo conjunto da sua obra — Bienal de Música de Veneza (2015) e o BBVA Foundation Award "Frontiers of Knowledge" (2016), na categoria da música contemporânea.

Helmut Bieler

Compositor e pianista, Helmut Bieler (Gersfeld, 1940) nasceu em 7 de Junho de 1940, em Gersfeld (Rhön). Estudou Composição, Piano e Formação Musical na Academia de Música de Munique. Foi professor na Universidade de Bayreuth, ocupando-se igualmente da direcção do coro da mesma instituição. Fundador do agrupamento Musica Viva (Bayreuth), foi também o promotor da série de concertos "Time for New Music", que dirigiu juntamente com o Wolfram Graf.
Detentor de várias distinções (Prémio Cultura da Cidade de Nuremberg, Prémio Cultura da cidade de Bayreuth e Prémio Baur Friedrich da Academia Bávara de Belas Artes), o seu trabalho como compositor abarcou todosos géneros, do solístico ao orquestral, com particular interesse pela composição vocal, de onde se destacam as suas óperas Stolen Life e Memorando para um sino grave. Escreveu para a Pocket Opera Nürnberg.

Carlos Caires

Carlos Caires (Lisboa, 1968) diplomou-se em composição pela Escola Superior de Música de Lisboa (com Constança Capdeville e Christopher Bochmann).
Completou mais tarde o Diploma de Estudos Avançados e o Doutoramento (Bolseiro FCT) na Universidade de Paris 8, sob orientação de Horacio Vaggione.
Foi professor no Conservatório Regional de Setúbal e na Escola de Música do Conservatório Nacional (entre 1988 e 1991) passando a leccionar, a partir de 1992, na Escola Superior de Música de Lisboa. Paralelamente ao curso de composição, frequentou diversos cursos de verão de direcção coral e de orquestra, em Portugal e no estrangeiro. Dirigiu, com o maestro Paulo Lourenço, o coro da JMP, fundando posteriormente (também com Paulo Lourenço), o Coro Ricercare, que dirigiu até 1998, altura em que partiu para Paris.
A sua música tem sido apresentada em diversos festivais na Europa e na Ásia. Em Portugal no festival Dos 100 Dias/ Expo’98, Música Viva 2003, 2006 e 2008, no festival d’Estoril 2004, de Leiria e no ciclo Música Portuguesa Hoje – CCB, ambos em 2008; no Reino Unido, no Atlantic Waves Festival 2004; na Alemanha, no Festival de Dresden e no Berliner Festspiele, em 2005 e 2008; na China, Semana Internacional de Música Electroacústica de Xangai, em 2009. Recebeu, em 1995, o Prémio Joly Braga Santos, com a obra Al Niente, em 1996, o Prémio Cláudio Carneyro com a obra Wordpainting e, em 1998, o Prémio ACARTE (em ex-equo com o João Madureira) com a obra Retábulo – Melodrama.
Como investigador, desenvolve o software de micromontagem sonora IRIN, um projecto iniciado durante o seu doutoramento no CICM (Centre de Recherche Informatique et Création Musicale na Universidade de Paris 8) e continuado no CITAR.
Presentemente, vive em Lisboa e ensina na Escola Superior de Música de Lisboa.

George Crumb

George Crumb (Charleston, 1929) estudou composição no Mason College of Music, na sua terra natal, prosseguindo os estudos na Universidade de Illinois. Depois de uma breve passagem por Berlim, regressou aos Estados Unidos para concluir novo ciclo de estudos, agora na Universidade de Michigan. Professor na Universidade de Pensilvânia durante mais de trinta anos, foi agraciado com inúmeras distinções, sendo-lhe outorgados vários doutoramentos honoris causa. Vencedor de vários Prémios, dos quais se destacam o Grammy e o Pulitzer, conta já a provecta idade de 87 anos, mantendo-se ainda, no entanto, em saudável actividade. A sua produção pauta-se pela justaposição de estilos musicais contratantes, que vão da tradição erudita ocidental à extra- ocidental. Com uma notação particularmente cuidada e peculiar, no que concerne ao aspecto visual, o seu trabalho explora o timbre no recurso a técnicas instrumentais e vocais expandidas. A sua música é publicada pela C. F. Peters, estando em curso o registo áudio da sua obra completa, sob a sua própria supervisão, o qual virá a público pela Bridge Records.

Alexandre Delgado

Iniciados os seus estudos musicais em violino, na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, Alexandre Delgado (Lisboa, 1965) foi aluno particular de Joly Braga Santos em Composição, estudando ainda com Jacques Carpentier, em França, tendo-se diplomado com o 1º Prémio do Conservatório de Nice em 1990. Entre a sua produção, sobressai a música de câmara (Quarteto para Contrabaixos, Quarteto de Cordas, Canteto, Trio com Piano, Antagonia, Langará, The Panic Flirt), a música orquestral e concertante (Concerto para Flauta e Orquestra, Concerto para Viola e Orquestra, Tresvariações, Verdiana), a música vocal (Turbilhão, Poema de Deus e do Diabo, Santo Asinha, Tríptico Camoniano, Ciclo Quinhentista, O Pequeno Abeto, para coro e orquestra). Dirigiu a estreia da sua ópera de câmara O Doido e a Morte (1993) no Teatro Nacional de São Carlos e no Theater am Halleschen Ufer, em Berlim, e da ópera, em dois actos A Rainha Louca (2009), em Portugal e no Brasil. A sua música foi escolhida para várias edições dos World Music Days e tem recebido encomendas de diversos festivais internacionais.
Aluno em viola de Barbara Friedhoff, venceu o Prémio Jovens Músicos em 1987 e tocou sob a direcção de Claudio Abbado e Zubin Mehta na Orquestra de Jovens da União Europeia.
Estreou, como solista, o seu Concerto para Violeta em Portugal, Espanha e Holanda e dedica-se à música de câmara como membro do Moscow Piano Quartet.
Director artístico do Festival de Música de Alcobaça desde 2002, assina o programa A Propósito da Música, na Antena 2, desde 1996 e é regularmente convidado como conferencista e comentador de concertos. É autor dos livros A Sinfonia em Portugal e A Culpa é do Maestro (crítica musical), tendo co-assinado o livro Luís de Freitas Branco, primeira obra de fundo dedicada ao compositor, já traduzida para inglês.

Amílcar Vasques Dias

Amílcar Vasques Dias (Monção, 1945) completou estudos superiores de Piano com Maria de Lurdes Ribeiro e de Composição com Cândido Lima, nos Conservatórios de Música do Porto e de Braga. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Secretaria de Estado da Cultura, concluiu o Curso Superior de Composição com Louis Andriessen, Peter Schat e Van Vlijmen, e de Música Electroacústica com Dick Raaijmakers e Gilius Van Bergeijk, no Conservatório Real de Haia, na Holanda, país onde, durante catorze anos, desenvolveu actividade artística e pedagógica como pianista e como compositor. Durante este período, recebeu encomendas do Ministério da Cultura da Holanda, da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e das Fundações holandesas Amsterdams Fonds voor de Kunst, Fonds voor de Scheppende Toonkunst e Fonds De Volharding. Parte da sua obra está publicada pela editora Donemus-Amsterdam e por Musicoteca, de Lisboa. As orquestras holandesas De Volharding e De Oerkest gravaram algumas das suas obras. A sua música tem sido tocada na Europa e na América, em festivais de música contemporânea, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), June in Buffalo (EUA), Cantigas do Maio (Seixal), S. Paulo (Brasil), Lisboa Capital da Cultura’94 – Skite (CCB-Lisboa), Astrakhan (Rússia), Manchester (UK), Capuchos’97 (CCB – Lisboa) e Encontro do Alentejo de Música do Séc. XXI (Évora).
Foi docente de Composição, Orquestração, Música Electroacústica, Análise, Formação Auditiva e Harmonia ao Teclado nas Escolas Superiores de Música de Lisboa (1988-1990) e do Porto (1995-1996), assim como nas Universidades de Aveiro (1990-1996) e de Évora (1996-2010).

Bojidar Dimov

Compositor e pedagogo natural da Bulgária, Bojidar Dimov (Lom an der Donau, 1935 - Colónia, 2003) estudou Piano com Mara Petkova e Composição com Vesselin Stoyanov. Completando estudos na Academia de Música de Viena, onde trabalhou com Karl Schiske, Friedrich Cerha e com Hans Jelinek, frequentou igualmente os cursos de verão de Darmstadt. Em 1968 mudou-se para Colônia, onde fundou o grupo Tentativa e Erro, em 1970, que tinha como objectivo promover conceitos não convencionais de programação, improvisação colectiva e prática de concerto. Foi professor na Rheinische Musikschule e da Pädagogische Hochschule, em colónia, Alemanha, e foi nomeado professor de Composição no Robert Schumann Hochschule, em Düsseldorf. Com várias encomendas de importantes instituições importantes austríacas, alemãs e belgas, as suas obras foram apresentadas por agrupamentos e solistas de renome. O seu ofício de compositor focou-se, numa primeira fase, numa vertente experimental da música, a partir da elaboração de uma série de bem sucedidos projectos para concursos artísticos, tais como o Bonner Raumspiel (1971), Invocação (1971) e Kieler Signallandschaft (1972). Nos últimos anos abordou géneros mais convencionais, destacando-se, deste seu trabalho, a ópera Die Hochzeit von Susa, de 1973, em que explora a fusão de elementos do Oriente e do Ocidente.

Fernando Lopes Graça

Compositor, pianista, musicólogo e maestro, Fernando Lopes Graça (Tomar, 1906 - Parede, 1994) foi das figuras das mais emblemáticas do século XX português. Depois de estudos pianísticos no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, abraçou também a Composição, à qual viria dedicar-se como primeiro objecto. Posteriormente seguiu estudos em Paris, onde concluiu o curso de Musicologia. Criador de uma extensa obra musical, que percorre quase todos os géneros musicais, fundou e dirigiu durante mais de quarenta anos, o Coro da Academia de Amadores de Música, para o qual escreveu centenas de arranjos de canções tradicionais, grande parte das quais recuperadas em colaboração com o etnólogo Michel Giacometti. Possuidor de uma notável qualidade na prosa literária, escreveu inúmeros ensaios e críticas musica, de teatro e de bailado, publicados em periódicos como a Seara Nova, O Diabo, Manifesto, Presença, Vértice e Gazeta Musical e de todas as Artes (de que também foi fundador e redactor principal). Traduziu importantes obras literárias, como Confissões, de Jean-Jacques Rosseau e Beethoven – Os Grandes Períodos Criadores, de Roman Rolland, entre tantras outras. Jorge Peixinho, em conferência lida na homenagem que a Câmara Municipal de Matosinhos realizou, no 87.º aniversário do compositor (em 1993, poucos meses antes do seu falecimento), disse: “O que me parece inegável é que Lopes-Graça continua, sem estagnação, numa pesquisa permanente do seu universo, no alargamento prospectivo das suas margens e dos seus limites. (...) Lopes-Graça, dentro das suas coordenadas estéticas e da especificidade do seu universo criador, desenvolve e expande prospectivamente o seu mundo interior, e nele, seguramente, o pulsar do espírito do seu (e nosso) tempo.”
Viveu os últimos anos da sua vida em Parede, onde o Museu da Música Portuguesa – Casa Verdades de Faria guarda o seu espólio musical.

Jonathan Harvey

Jonathan Harvey (Sutton Coldfield, 1939 - Lewes, 2012) foi o mais interessante compositor britânico do século XX. Coralista no St. Michael’s College, Tenbury (1948-52), aluno em Repton (1952-57), acabou o curso de música na Faculdade de St. John, Cambridge. Fez o doutoramento nas universidades de Glasgow e Cambridge, estudando também particularmente (a conselho de Benjamim Britten) com Erwin Stein e Hans Keller, que o aproximaram da escola de Schoenberg. Nos anos sessenta compôs livremente sob diversas influências. Durante o seu período de Harkness Fellow em Princeton (1969-70), contactou com Milton Babbitt. Findo o curso de Princeton, o compositor estava já seguro dos seus objectivos musicais, no que à profundidade estrutural respeitava– resultado imediato do seu trabalho em análise schenkeriana.
O seu contacto com Stockhausen foi decisivo no que toca à sua orientação em técnicas de estúdio, comungando da sua perspectiva de que as técnicas electrónicas permitiam transcender os limites físicos das fontes sonoras tradicionais. Da sua afinidade com Stockhausen (que tal como Harvey procurou empreender uma aproximação entre o racional/científico e o místico/intuitivo), nasceu uma monografia que, em 1975, publicou sobre o compositor alemão. Cobrindo géneros diversos (de música de câmara a ópera), compôs obras incontornáveis como Mortuos Plango, vivos voco (electrónica sobre suporte, 1980), Madonna of Winter and Spring (orquestra e electrónica, 1986), Tombeau de Messiaen (piano e electrónica, 1994, interpretados nos Reencontros 1997) Death of Light, Light of Death (quinteto, 1998) e Quarteto de Cordas nº 4 com electrónica ao vivo (2003).
A convite de Pierre Boulez, trabalhou no IRCAM a partir do início dos anos 80, onde empreendeu um importante trabalho de pesquisa sobre o som.
Entre 2005 e 2008, foi compositor em residência na Orquestra Sinfónica Escocesa da BBC, tendo nesse âmbito composto Body Mandala, ...towards a pure land e Speakings.
Doutor Honoris Causa pelas universidades de Southampton, Sussex, Bristol e Huddersfield, Harvey foi professor nas Universidade de Sussex (1977-1993; posteriormente, professor honorário) e Stanford (1995-2000), professor convidado no Imperial College de Londres e membro honorário do St. John’s College de Cambridge.
Foram-lhe atribuídos prestigiados prémios, como Britten (1993), Giga-Hertz (2007) e Príncipe do Mónaco, tendo sido o primeiro compositor britânico a receber o Grande Prémio Charles Cros. Por altura do seu septuagésimo aniversário, a sua música foi celebrada um por todo o mundo ocidental. As suas obras continuam a ser amplamente divulgadas, figurando no programa dos mais importantes festivais de música contemporânea, na interpretação dos mais prestigiados agrupamentos.

Gene Koshinski

Gene Koshinski (Pensilvania, 1980), percussionista com trabalho na área da composição, formou-se na West Chester University e na Hartt School. Membro activo da Percussive Arts Society, é professor Associado de Percussão na Universidade de Minnesota Duluth. Tem actuado por todo o mundo (Argentina, Áustria, Belgica, China, França, Alemanha, Japão, Eslovenia e Canada), assim como por todos os Estados Unidos.
Gravou para as editoras Naxos, Innova, Centaur, MSR Classics e Equilibrium. Recentemente marcou presença no Shenyang International Percussion Festival, na China.

Alban Berg

Alban Berg (Viena, 1885 - Viena, 1935) Estimulado pelo ambiente artístico familiar, demonstrou uma precoce inclinação para a música. Depois de uma instrução liceal em que se mostrou pouco aplicado, inscreveu-se na universidade com a intenção de se formar em Direito. Entretanto, conseguiu um emprego burocrático na administração imperial, recebendo de entremeio as primeiras lições de Schönberg. As suas primeiras obras foram apresentadas em Viena, em 1907. Assistiu, em Bayreuth, à representação de Parsifal, num festival que considerou uma exploração comercial absolutamente contrária aos ideais wagnerianos. Adoptou, entretanto, o dodecafonismo schoenberguiano e aceitou Theodor W. Adorno como aluno, sendo nomeado membro da Academia Prussina de Belas-Artes. Certa imprensa austríaca fez-se eco da "estética" nazi, hostilizando-o abertamente.
Morreu de septicemia, na noite de 24 de Dezembro de 1935.

Charles Boone

Charles Boone (Cleveland, 1940) estudou em San Francisco (State College), na University of South Califórnia e, mais tarde, na Akademie für Musik und Darstellende Kunste, em Viena, salientando-se na sua formação os professores Karl Schiske, Adolph Weiss e Ernst Krenek.
Professor associado do San Francisco Art Institue, leccionou cursos de história e de estúdio que relacionam som e música com diferentes formas de arte. Agraciado com diversas distinções (de que destacam as três referentes ao National Endowment for the Arts Commissions), foi artista residente, por dois anos, na Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD), em Berlim. As suas obras foram apresentadas por reputadas orquestras, como a Sinfónica de S. Francisco, a Sinfónica de Chicago ou a Filarmónica de los Angeles, assim como por vários festivais em Berlim ou em Avignon, a partir de trabalhos com maestros de nomeada como Seiji Ozawa, Edo de Waart, Michael Tilson Thomas, Phyllis Bryn-Julson, Jan Williams, Bertram Turetzky, ou Karl Kohn. Autor com escritos publicados, artigos vários podem ser encontrados, a título de exemplo, no San Francisco Examiner, no Oakland Tribune, no Arts and Architecture e na Threepenny Review.

Constança Capdeville

Radicada em Portugal desde a infância, foi em Lisboa que Constança Capdeville (Barcelona, 1937 - Caxias, 1992) fez a sua formação, tendo estudado Piano e Composição no Conservatório Nacional. Contactou, mais tarde, no estrangeiro, com Halfter, Stockhausen, Globokar e outros. Desde praticamente o início da sua carreira, dividiu a sua actividade por diversos campos: ensino, interpretação (piano e percussão), composição e organização e criação de espectáculos musico-teatrais.
Para além da sua colaboração regular com o Ballet Gulbenkian e com a Companhia Nacional de Bailado, foi autora de música de cena para diversas obras teatrais e de música para filmes. Colaborou também na série televisiva Binário, como compositora, directora musical e autora dos guiões. Em 1985, fundou o grupo de teatro/música ColecViva, que dirigiu e com o qual manteve uma actividade permanente, criando espectáculos e organizando seminários sobre teatro musical. Em 1988 fundou, com António de Sousa Dias, o grupo Opus Sic e, no mesmo ano, passou a integrar e dirigir, com Manuel Cintra, o projecto artístico Palavras por Dentro. Integrou regularmente júris de concursos nacionais e internacionais de Composição e Interpretação.
Desempenhou funções docentes no Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa. Foi galardoada com a Medalha de Mérito Cultural pela Organização Permanente para o Dia Mundial da Música (SEC). Foi também membro da direcção do Conselho Português da Música. As suas obras, marcadas por uma utilização criativa e esclarecida das novas técnicas, são ouvidas regularmente em Festivais e Encontros de Música Contemporânea nacionais e internacionais. Faleceu em Caxias a 4 de Fevereiro de 1992. (Nota biográfica retirada do programa dos 17os EGMC).

Tiago Cutileiro

Tiago Cutileiro (Lisboa, 1967) é compositor e artista sonoro. Formou-se em Composição na Universidade de Évora. A sua obra abrange música instrumental, música electrónica, instalações sonoras e audiovisuais, música para filme e para teatro e tem sido apresentada sobretudo em Portugal mas também em Espanha, França e Alemanha. Em 2014 concluiu Doutoramento em Composição sobre a não-narratividade na música contemporânea e a sua relação com géneros musicais tradicionalmente narrativos. Neste contexto compôs a Ópera 'Tudo Nunca Sempre o Mesmo Diferente Nada'.
Recentemente o seu trabalho tem-se focado na relação entre a realidade (tendencialmente não-narrativa) e a artificialidade (tendencialmente narrativa) na música e nas artes.

António de Sousa Dias

Compositor, artista multimédia e investigador, António de Sousa Dias (Lisboa, 1959) é doutorado em Musicologia e diplomado com o Curso Superior de Composição. Divide a sua actividade entre a criação, a pesquisa e o ensino. É autor de música para filmes, documentários e animação, bem como de obras explorando diversas formações (instrumental, electroacústico, misto) e géneros. A performance e o teatro musical também desempenham um papel importante no seu percurso. O seu trabalho de investigação no sector da criação musical e ambientes virtuais conduzem-no actualmente aos domínios do multimédia, da instalação e da criação visual. É Professor Associado na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

Rui Dias

Rui Dias (Braga, 1974) concluiu, em 2004, a licenciatura em Composição pela ESMAE-IPP (Porto), onde estudou com os professores Virgílio Melo, Cândido Lima, Filipe Pires e Carlos Guedes. Em 2009 concluiu o Mestrado em Multimédia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde frequenta atualmente o programa doutoral em Média Digitais UT Austin / Portugal. É docente, desde 2005, e coordenador, desde 2007, do curso de Música Electrónica e Produção Musical da Escola de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESART-IPCB) e docente no curso de Composição da ESMAE-IPP. Orientou formações em áreas ligadas à música por computador, nomeadamente: "Criação de sistemas digitais interativos" (ACERT Tondela 2009), curso "Music Technology: Loud and Clear" do BEST Summer School (FEUP 2011), "Webcams, Kinect, Som e Música" (Casa da Música, 2012), "História da Música Electroacústica" (FORUM ESART 2013), "Introdução ao ambiente de programação Max/MSP" (Festival Semibreve, Guimarães 2012), "Sistemas musicais interactivos" (Conservatorio Pietro Mascagni. Livorno, Itália 2012), Phonambient Braga (GNRation 2014). Apresenta regularmente trabalho artístico como compositor e como programador, tendo como áreas privilegiadas a música electroacústica e a criação de sistemas musicais e multimédia interactivos. Entre os eventos e concertos onde participou encontram-se o Festival Música Viva (Lisboa, 2005, 2012, 2016), Festival "Synthèse" (Bourges, França 2006), Dias de Música Electroacústica (DME 2006, 2011, 2013, 2014), Unicer Laboratório Criativo (2007), Festival Tom de Vídeo (Tondela 2007), Festival "Future Places" (2011, 2013), Museu do Oriente (2012), Guimarães 2012 capital europeia da cultura, Manobras no Porto (2012), "Suoni Inauditi" (Livorno, Itália 2012 e 2013), "Janeiro dos Grandes Espetáculos" (Recife, Brasil, 2014), "Serralves em Festa" (2014), "Noite Branca" (Braga 2014, 2016), CARA Ano Zero (Matosinhos 2014); Phonambient Braga (GNRation 2015).

Friedhelm Döhl

Friedhelm Döhl (Göttingen, 1936) estudou Composição com Wolfgang Fortner e Piano com Carl Seemann, na Hochschule für Musik, de Friburgo. Frequentou igualmente cursos de Musicologia, assim como de Filologia Germânica, Artes, História e Filosofia, doutorando-se em 1966, com uma tese sobre Anton Webern. Foi professor no Conservatório Robert Schumann Dusseldorf, onde fundou o Estúdio para a Nova Música e leccionou ainda no Instituto de Musicologia da Universidade Aberta de Berlim, onde foi membro do departamento de Nova Musica Berlim. Em 1974, foi nomeado director da Academia de Música de Basileia, lugar que manteve até 1982 – período durante o qual foram fundados os estúdios de música electrónica, música extra-europeia e para música e teatro na instituição.
Com uma produção que perpassa todos os efectivos instrumentais, dedica-se regularmente à vertente electroacústica e tem desenvolvido trabalho na promoção da música contemporânea. Foi presidente da secção alemã da Sociedade Internacional para a Música Contemporânea e promoveu a fundação do Ensemble Modern. Foi professor de Composição na Musikhochschule de Lubeque, acumulando o cargo de director da instituição em 1991. Na mesma cidade iniciou o reconhecido Festival Brahms.
Foi director artístico da série de concertos Musica Viva/Encounters, em Reinbek, assim como o NDR Festival ‘The New Factory’, em Lubeque.

Ricardo Guerreiro

Ricardo Guerreiro (Lisboa, 1975) desenvolve a sua actividade artística no âmbito da composição e da performação de música experimental. Tem um particular interesse  pela descrição algorítmica do fenómeno sonoro e pela integração do som sintético em formações instrumentais mais tradicionais, sobretudo em âmbito camarístico. Ao longo dos últimos anos tem vindo a colaborar com diferentes músicos na composição de situações performativas de contexto diversificado, representadas em várias edições discográficas. A sua aproximação à criação musical tem sido progressivamente influenciada pelas disciplinas clássicas das denominadas artes visuais, nomeadamente o desenho, a pintura e a escultura. Uma maior consciencialização desta relação tem-no levado a privilegiar musicalmente características como a textura sonora de fundo (o silêncio pós-Cage), o sentido de escala (tempo, durações, proporções), a morfologia interna do material sonoro implicado e a encenação formal dos diferentes elementos musicais.
Doutorado em Informática Musical / Computer Music (2015) pela Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, diplomou-se primeiramente em Composição, pela Escola Superior de Música de Lisboa (2000) e em Música Electrónica (2004), pelo Conservatorio di Musica Benedetto Marcello di Venezia, Itália. Em 2007 obteve a licenciatura em Ciências Musicais na Universidade Nova de Lisboa. Frequentou cursos e seminários de composição em Lisboa, Porto, Aveiro, Paris (IRCAM - ’99), Darmstadt (‘98 e 2000) e Veneza. Estudou guitarra na Academia de Amadores de Música.
ricardoguerreiro.net/

Leoš Janáček

Primeiramente aluno do mestre de capela Pavel Krizkovsky, de Brno, Leoš Janáček (Hukvaldy, 1854 - Ostrava, 1928) prossegue estudos oficiais na Escola de Órgão da capital da Boémia, onde estudou com Frantisek Skuhersky e, mais tarde, no Conservatório de Leipzig (1879) e no de Viena (1880).
Já instalado em Brno, fundará uma Escola de Órgão. Reconhecido pelo seu notável trabalho na escrita operática, é precisamente com Jenufa, a sua mais afamada produção no género, que chama as atenções dos meios musicais europeus. Notabilizado, igualmente, pelo seu estudo das melodias da fala: "…quando alguém me dirigia a palavra, podia acontecer que não compreendesse o que me dizia; mas a cadência dos sons! Adivinhava imediatamente o que se passava no seu espírito: sabia o que sentia, compreendia perfeitamente se estava, por exemplo, agitado, ou se, no fundo da sua alma, chorava."
Com um catálogo que compreende todos os géneros musicais, são de particular relevo, para nomear apenas algumas das obras mais importantes do compositor, Taras Bulba (1918), a Sinfonietta (1926), a peça Nas Brumas (1912) – presente na programação dos Reencontros de Música Contemporânea 2017), o Conto para violoncelo e piano (1910), o Concertino para piano e orquestra de câmara (1925), os Quartetos de Cordas, ou ainda o Diário de um Desaparecido (1919), obra emblemática e de característica marcantes na sua produção.

György Kurtag

György Kurtág (Lugoj, 1926) estudou piano com Magda Kardos e composição com Max Eisikovits. Em 1946, mudou-se para Budapest onde estudou composição com Sandor Veress e Ferenc Farkas, piano com Pál Kadosa e música de câmara com Leo Weiner. No final dos anos cinquenta, passou uma temporada em Paris que viria a ser determinante na definição do seu pensamento musical, estudando com Marianne Stein e assistindo às aulas de Milhaud e Messiaen, junto de quem adquiriu técnicas da segunda escola de Viena. De regresso à Hungria, onde viveu quase toda a vida e compôs a maioria das suas obras, escreveu a primeira obra do seu catálogo – quarteto de cordas.
Kurtág foi professor de piano e de música de câmara na Academia de Budapeste, de 1967 a 1986, ano em que se aposentou. Testemunho da sua dedicação ao ensino são os vários ciclos de peças para piano, Játékok, destinados a crianças e inspirados nas suas brincadeiras (Játékok = jogos)- de que constam dois exemplos no programa dos Reencontros de Música Contemporânea 2017. Também a música de câmara é um dos seus géneros favoritos, centrando-se a sua produção para pequenos agrupamentos num plano estrutural em que patenteia caracteristicamente a micro-forma.
Outro marco da sua obra é composto pelas peças vocais, de que o ciclo Messages de feu Demoiselle Troussova (1976-80), para soprano e agrupamento de câmara, é um belo exemplo.
Trabalhando textos de Kafka, Beckett, Dalos, Pilinsky, no âmago das suas preocupações encontra-se a semântica e a inteligibilidade do texto.

Organização

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Apoios

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